ESCOLHENDO UM
TELESCÓPIO PARA ASTRONOMIA
Tendo em vista a vasta variedade de telescópios disponíveis no
mercado, como um entusiasta, mas consumidor inexperiente pode escolher o modelo
certo? A resposta para essa questão explicará as diferenças entre tipos
específicos de telescópios, mas para entender de forma mais abrangente é
importante primeiro entender alguns pontos básicos sobre telescópios para astronomia
em geral.
ABERTURA
É O FATOR MAIS IMPORTANTE
A
especificação mais importante para qualquer telescópio astronômico é sua
abertura. Esse termo refere ao diâmetro do elemento ótico principal seja o
espelho primário ou lentes. A abertura de um telescópio esta relacionado
diretamente com dois aspectos vitais da performance do equipamento: sua
capacidade de absorver luz (determina o quanto luminoso os objetos serão
visualizados) e sua potência máxima de resolução (o quão detalhado serão as
imagens). Existem outros critérios a serem considerados durante a seleção de um
telescópio, mas se você aprender apenas um aspecto que seja o a seguir: quanto
maior a abertura de um telescópio (sua largura ou diâmetro) melhor, pois mais
luz entra no equipamento.
NÃO SE
ILUDA COM PODER DE AMPLIAÇÃO (600X, 1000X...)
Infelizmente,
a primeira coisa que vem a mente quando um iniciante quer comprar um telescópio
seria “qual o poder de ampliação ?”. Ao contrário como afirmamos acima deveria
ser “qual o diâmetro do equipamento ?”. A verdade é que qualquer telescópio
pode suprir praticamente qualquer poder de ampliação dependendo da ocular
usada. O fator que limita o máximo de ampliação efetiva de qualquer telescópio
como você pode ter imaginado é sua abertura. Aumentando a ampliação, a imagem
no telescópio fica maior, a luz captada pelo telescópio é projetada sobre uma
área maior e consequentemente a imagem fica mais escurecida. Existe um limite
absoluto, determinado pelas características físicas da luz, que determina a
melhor resolução de imagem para uma determinada abertura. Ao ultrapassar o
limite de ampliação imagem começa a perder luminosidade e gradativamente se transforma
numa bolha sem resolução.
Limite
máximo de ampliação de qualquer telescópio é de 50 vezes sua abertura em
polegadas ou duas vezes sua abertura em milímetros. Isso corresponde a 100x ou
120x para pequenos telescópios o que é suficiente para visualizar os anéis de
Saturno ou nuvens de Júpiter. A regra de 2x para cada milímetro é mais simples
e pode variar para mais ou menos dependendo da qualidade ótica do conjunto e
visão do observador. Observadores experientes normalmente usam menos poder de
ampliação, em torno de 0.5x a 1x por milímetro é o suficiente para a maioria
dos objetos. Qualquer fabricante que afirma que um telescópio de 60 mm pode
visualizar bem à 450x (7.5x a abertura em milímetros) esta passando uma
informação errada.
QUANTO MAIOR MELHOR,
PORÉM…
Enquanto
a abertura é o aspecto mais importante de um telescópio, existem algumas
exceções à regra que “quanto maior melhor”.
A primeira é obvia: a facilidade de movimentar. Os maiores telescópios
são realmente grandes e requerem uma casa ou observatório permanente ou bastantes
músculos, uma caminhonete e costas fortes motivadas! Existe um limite para o
que seria necessário de desempenho e facilidade de movimentação. Esse limite
existe dependendo dos seus recursos físicos e financeiros. Iniciantes devem
começar com um modelo com abertura suficiente de forma de seja fácil
manobra-lo. Evite cair na tentação da abertura grande. Aqueles que não
conseguem estabelecer o limite compram o maior telescópio que o bolso pode
suportar sem pensar em como usa-lo. Esses telescópios monstros normalmente
acabam num canto da garagem acumulando poeira, exilado pelo crime de ser muito
pesado e grande, enquanto os entusiastas de fim-de-semana ao invés de se
transformarem em caçadores de estrelas acabam frustrados.
O CÉU É O LIMITE
A
segunda limitação de um telescópio é menos óbvia mas fica clara após as
primeiras sessões de astronomia: A atmosfera terrestre limita o quanto você
pode visualizar. Estrelas e planetas visualizados através de um telescópio
parecem distorcidas tendo em vista que a luz passa através da atmosfera. Esse
efeito é conhecido por astrônomos como “seeing” e se torna mais aparente e
incomodante na medida em que a abertura aumenta. Afeta principalmente a
observação da Lua e planetas onde a ampliação aplicada para revelar mais
detalhes aumenta também a turbulência do ar.
A
distorção devido ao “seeing” varia de acordo com as correntes de ar nas altas
camadas da atmosfera e de forma menos direta pela altitude e topografia do
local de observação. “““ “““ Numa noite normal e num local normal a turbulência
limitará o limite de ampliação para algo em torno de 250x ou 300x e previne que
telescópios maiores que oito” ou 10” atingem o máximo de seu desempenho de
ampliação. Telescópios maiores que 10” normalmente são usados por observadores
que preferem visualizar galáxias, nebulas e star clusters com pouca
luminosidade.
MONTAGEM DE TELESCÓPIOS
O
ultimo tópico importante a ser coberto antes de entrar no assunto de ótica são
os tipos de montagem. Telescópios são oferecidos como Altitude-Azimute (altaz)
que movem para cima-baixo (altitude) e esquerda-direita (azimute) ou equatorial
que se alinham com eixo de rotação da Terra.
Montagens
azimutais são geralmente mais simples de usar e preferidas se o telescópio é
usado para observação diurna e noturna. As melhoras montagens azimutais
oferecem controles de precisão de pequenos incrementos e são mais recomendados
para ampliações de até 150x. A montagem Dobsoniana é uma variação da azimutal.
Utiliza materiais não convencionais para telescópios como madeira e teflon numa
montagem que se movimenta facilmente, extremamente estável e pode suportar
grandes telescópios por um baixo custo. Apesar de não existir motores elétricos
ou engrenagens de precisão pode ser usado com grande sucesso em telescópios
grandes de até 200x de ampliação ou mais !
Montagens
equatoriais são mais apropriadas para observação astronômica do que terrestre.
Sua vantagem esta no fato de facilitar o rastreamento de objetos no céu. Esse
movimento pode ser feito através de um controle manual de precisão ou por um
motor elétrico. A facilidade de visualização para altas potências torna a
montagem equatorial a preferida para quem deseja observar a Lua e planetas.
Caso queira se especializar em fotografia astronômica a montagem equatorial é a
mais recomendada.
TELESCÓPIOS DIFERENTES
PARA CADA TIPO DE OBSERVADOR
Agora
que temos informação sobre os princípios básicos de um telescópio, seu
desempenho e montagem. Podemos discutir três modelos óticos básicos: o
refrator, o refletor e o composto ou catadióptrico.
O
modelo refrator é o modelo que a maioria dos “caçadores de estrelas” pensa
quando escutam a palavra telescópio. É um tubo longo e fino montado num tripé
com lentes de um lado e ocular do outro. Os refratores foram o primeiro tipo de
telescópio inventado e os modelos de refratores mais modernos são os que obtêm
as melhores imagens para uma determinada abertura. Normalmente são escolhidos
por observadores que preferem a Lua e planetas por possibilitar as imagens mais
nítidas e de alto contraste e alta ampliação sofrendo menor interferência por
causa de aspectos atmosféricos que outros tipos de telescópios. Também requerem
menor manutenção que os refletores ou catadióptricos. Consequentemente são os
preferidos dos astrônomos iniciantes.
Porém
a qualidade e facilidade não vêm com um preço baixo e os refratores são também
os mais caros na relação preço x abertura. Grandes refratores podem custar
dezenas de milhares de R$ e ainda assim são considerados pequenos para
observação astronômica de longa distância. A grande distância focal dos
refratores restringe o campo de visão tornando difícil visualizar grandes
objetos como constelações e galáxias. E o fato de usar um tubo longo com ocular
requer o uso de um tripé grande e alto que se não for de qualidade acaba por
trazer instabilidade para o conjunto dificultando assim a observação.
O
modelo refletor usa um espelho ao invés de lente para captar a luz e
focaliza-la. O tipo mais comum de refletor seria o Newtoniano que usa um
espelho primário côncavo no fundo do tubo do telescópio. Um espelho secundário
do outro lado direciona a luz captada pelo tubo direto numa ocular. Os modelos
Newtonianos oferecem as maiores aberturas possíveis e quando bem feitos podem
atingir excelente qualidade de imagem.
Grandes
refletores de abertura maior que 10” em montagens Dobsonianas são os mais
populares entre astrônomos que buscam baldes de luz no espaço profundo. Esses
modelos gigantes tem melhor performance durante noites bem escutas longe de
grandes cidades. A versatilidade e valor de modelos newtonianos entre 4.5” a oito”
com montagens equatoriais ou dobsonianas fazem uma excelente escolha para o
iniciante com interesses gerais.
O
modelo refletor newtoniano requer manutenção ocasional. Ao contrário do
refrator, os espelhos de um refletor precisam de alinhamento periódico ou
colimação para melhor nitidez das imagens. Enquanto muitos iniciantes encaram a
colimação como um procedimento complicado na verdade é bem simples e não mais
que alguns minutos. O tubo do refletor também fica aberto e exposto ao ar e
humidade ao contrário do refrator. Se os espelhos não estiverem protegidos pela
capa do tubo com o tempo podem acumular poeira e partículas necessitando de
limpeza ocasional.
O
mais moderno dos três tipos comuns de telescópio para amadores seria o catadióptrico.
Usando uma combinação de lentes e espelhos para captar luz e focaliza-la. A
maior vantagem desse modelo seria seu tamanho compacto pois as lentes e
espelhos em conjunto permitem diminuir o tamanho do tubo e da abertura do
telescópio sem perder muita qualidade. Usando uma montagem equatorial um tubo
menor e mais leve e mais econômico equivale a um grande Newtoniano. Os modelos
catadióptricos são mais usados por quem deseja um tamanho menor sem grandes
perdas de qualidade de imagem e abertura.
Os nomes Schmidt-Cassegrain e Maksutov-Cassegrain
se referem a modelos específicos de telescópios catadióptricos que usam lentes
de perfil diferente para resultados similares. O Maksutov é normalmente
relacionado com melhor qualidade de imagem apesar de não existir muito
fundamento para suportar essa opinião. Provavelmente Maksutov desenvolveu sua
reputação como catadióptrico superior devido o fato de superfícies esféricas
serem mais fáceis de produzir com alta precisão que os formatos Schimidt. Sendo
assim, um construtor de telescópio que consegue atingir um mínimo de qualidade
pode produzir um Maksutov “médio”
que tem a mesma ou melhor performance que um Schimidt. Em telescópios de alta
qualidade de origem reconhecida ambos os modelos atingem excelente qualidade de
imagem.
Existem
alguns detalhes nos modelos catadióptricos. Como em qualquer telescópio que usa
espelhos, ocasionalmente é necessário fazer uma colimação para melhor nitidez.
O custo de um telescópio catadióptrico é mais alto que um Newtoniano da mesma
abertura apesar de ser mais barato que um refrator da mesma abertura. De forma
mais significante para observação planetária, o espelho secundário no
catadióptrico é maior que o secundário de um Newtoniano. Sendo que o contraste
também é menor devido o caminho a ser percorrido. De uma forma geral, astrônomos
que desejam alta qualidade e facilidade de transporte normalmente optam pelos
modelos catadióptricos.
CONSIDERANDO O PREÇO
Orçamento
é um fator de decisão de compra na maioria dos casos. Mas existem três
armadilhas que devem ser observadas:
Não
compre um modelo baratinho de shopping ou supermercado com a intenção de ver
como funciona e fazer um upgrade depois. Muitos desses modelos são de péssima
qualidade e normalmente frustram o iniciante de forma que abandonam a atividade
ou simplesmente jogam for a para comprar outro modelo de maior qualidade.
Por
outro lado não gaste uma fortuna ao iniciar na astronomia. Existem muitos
modelos a preços acessíveis de excelente qualidade que podem mostrar os Anéis
de Saturno, a Lua e muito mais. Comprar um modelo de qualidade mas para
iniciante é a melhor forma de decidir como investir no futuro.
Finalmente
se você é um daqueles afortunados onde o preço não é um fator importante, pense
duas vezes antes de comprar um modelo muito grande que normalmente são o sonho
de consume de muitos astrônomos experientes. Normalmente esses modelos são
difíceis de manusear e requerem uma instalação igualmente cara para tirar o
melhor proveito.
E a astrofotografia ?
Antes
de chegar a qualquer conclusão eis um conselho para iniciantes que desejam
pular de cabeça na astrofotografia: “NÃO !”. Pelo menos até você ter aprendido
o suficiente sobre como operar seu telescópio e onde ficam os objetos no céu.
Fotografia do paraíso pode ser uma atividade maravilhosa de perda de tempo, mas
é uma combinação de arte e ciência com uma enorme curva de aprendizagem que
desencoraja iniciantes que tentam fazer tudo ao mesmo tempo. Claro que
astrofotografia é o interesse não tem nada de errado ao selecionar um telescópio
baseado na facilidade de adaptação de uma câmera no futuro. Enquanto a maioria
dos telescópios pode usada para fotografias amadoras o aspecto mais importante
para um instrumento de fotografia astronômica são a montagem equatorial e a
facilidade de conectar uma câmera que pode ser focada. Por uma séria de motivos
técnicos e econômicos telescópios catadióptricos de oito” de abertura são os
mais usados para fotografia astronômica. E também servem como excelentes
equipamentos para observação em geral.
CONCLUSÃO
1 - Qual
então é o telescópio certo ? Essa decisão deve ser tomada individualmente mas
existem três conselhos abaixo:
2 - O melhor telescópio para você é aquele que você pode usar com
maior regularidade. Um enorme e excelente telescópio com ótica impecável não
tem nenhuma graça guardado na garagem ou armário.
3 - Levando em conta que todos são iguais, um
telescópio com abertura maior tem resultados melhores que um com abertura menor
4 - Compre de uma empresa que entende sobre
telescópios e astronomia e que pode dar suporte depois da compra. Imagine se o
supermercado ou shopping Center pode fazer isso ?
Editado
por : Luana
Via : http://www.astroshop.com.br/